quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Alhandra - Museu Sousa Martins


O museu de Alhandra, Casa. Dr. Sousa Martins é o mais significativo repositório histórico de Alhandra. Situado no cais da vila, na casa onde nasceu o médico Sousa Martins, o museu convida a uma viagem pela história.

A história do museu remonta a 1962 ano em que quatro amigos alhandrenses distribuíram panfletos a pedir a doação de documentos, fotografias e objectos para o espólio do museu da terra. Os artigos eram guardados numa sala do mercado da vila que rapidamente se tornou pequena, tal foi o volume de doações. Em 1964 foi constituída uma Comissão Instaladora que em 1964 apresentou a primeira exposição do museu mas, só em 1974 é que a Junta de Freguesia de Alhandra e a Comissão Instaladora relançaram o museu com o intuito de preservar o património de Alhandra. Em 1978 a actual comissão propôs-se adquirir a casa onde nasceu o notável médico do século XIX, Dr. Sousa Martins para a instalação definitiva do museu. Foi feita uma Subscrição Pública Nacional com o objectivo de reunir verbas para a aquisição, o que aconteceu em 1984. Procedeu-se à recuperação e adaptação do edifício, assim como à ampliação do espaço original, abrindo mais duas salas de exposição, para além das quatro existentes.

Actualmente, a direcção do museu é feita pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em coordenação com a Junta de Freguesia de Alhandra. “ Em 2002 a junta de freguesia quis saber ao certo que espólio existia e mandou fazer um inventário que acabou por ser interrompido até há cerca de um ano. Todo o espólio está a ser digitalizado de maneira a que possa ser consultado sem ser tocado, para além de permitir um acesso mais rápido”, afirma Ana Paula Mota, responsável pela Coordenação e Inventariado do Museu de Alhandra”. “Temos um terço do trabalho realizado, no total são 10 000 documentos para inventariar, desde folhetos, fotografias, móveis, etc. O espólio é muito variado com artigos datados entre o século XVII até aos dias de hoje”, adianta.


Projecto Museológico

O projecto do museu de Alhandra tem como base uma organização expositiva temática com a preocupação de transmitir elementos da história local relevantes para a preservação da identidade local. Compete ao museu a preservação das colecções e o desenvolvimento da cultura, pesquisa e ensino, assim como a divulgação da vida e obra de José Thomás Sousa Martins e a preservação da memória do médico cientista.


Espaço de exposição

O museu está divido por salas temáticas da história de Alhandra: no piso de baixo, encontra-se a sala Ferreiro Gordo (cónego de Alhandra), dedicada à actividade industrial da terra. “Toda a zona ribeirinha era composta por telhais, já que esta zona é calcária, de onde as fabricas tiravam a lama usada para fazer telhas e tijolos. Foi a actividade principal de Alhandra numa altura em que o rio era uma estrada”, diz Ana Paula Mota. “Conseguimos também guardar a 1ª maquete da fábrica cimenteira Simpor que já foi a maior do mundo e ainda hoje é uma das empresas mais importantes do meio”.

Na ala direita do museu, o antigo quintal foi transformado na sala Augusto Berto, (pintor português) que funciona como galeria de exposições temporárias. “É a sala que está mais dependente da programação do pelouro da cultura da CMVFX”, diz a coordenadora.

No piso superior, a sala Afonso de Albuquerque, (Vice rei da Índia) funciona como galeria de exposições permanentes de pintores alhandrenses. Para além da pintura, nesta sala pode ser vista a exposição “Alhandra a Toureira” dedicada à tradição taurina da região, uma vez que as primeiras praças de touros do país são de Alhandra”, afirma Ana Paula Mota.

Na sala contígua existe a Biblioteca Salvador Marques (dramaturgo alhandrense) composta por obras diversas. “Desde livros da Igreja Católica desde o século XVI aos manuscritos de Sousa Martins, podem ser consultados aqui os vários estudos que Francisco Câncio fez sobre o Ribatejo até peças de teatro manuscritas, como é o caso da “Sonho ao Luar”, de Salvador Marques”, afirma a coordenadora do museu.

Ainda no primeiro andar encontra-se a divisão mais visitada, a sala Sousa Martins onde estão expostos os seus objectos pessoais, a maioria dos manuscritos e os estudos que desenvolveu sobre a febre amarela e a tuberculose.

Alhandra tem tradição de desportos náuticos e é no sótão que se encontram os mais variados objectos nesta área. “A sala Baptista Pereira é uma homenagem ao nadador alhandrense”. Segundo Ana Paula Mota, “Batista Pereira trabalhava nos telhais e todos os dias atravessava o rio a nado para ir trabalhar. Foi o primeiro recordista da travessia do Canal da Mancha a nado”.

O culto da imagem do médico Sousa Martins atrai muitas pessoas que visitam o museu numa atitude de peregrinação mas a direcção tem tentado combater essa tendência, diz a coordenadora. “Sousa Martins não cobrava as visitas que fazer e na altura, os medicamentos eram preparados pelos próprios médicos. Gerou-se um culto à volta dele, há quem o considere santo. Muitas pessoas vêm aqui mais para agradecer ao santo do que para visitar o museu. Respeitamos as crenças pessoais de cada um mas tivemos que acabar com as flores e velas que o publico depositava à porta e, com subtileza, terminámos com as preces de agradecimento em que as pessoas davam as mãos e rezavam. Essas práticas têm lugar no cemitério da vila, onde Sousa Martins está sepultado, não aqui”.

Fonte: A Tribuna de Loures